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BETO ROCHA
( BRASIL - ACRE )
Há 24 anos, Acre perdia o teatrólogo Betho Rocha; assassino nunca foi encontrado. Exatos 24 anos depois, o assassinato do ator e diretor de teatro Betho Rocha, morto as golpe de faca à altura da garganta, nunca foi esclarecido e o assassino nunca identificado e que certamente continua em liberdade. O corpo do artista foi encontrado numa rede, em seu apartamento, localizado num dos blocos da Rua Luiz Z da Silva, no Conjunto Manuel Julião, em Rio Branco (AC). Ele foi assassinado aos 38 anos de idade, em setembro de 1997.
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A polícia descobriu que o artista, homossexual assumido, de vez em quando levava namorados para o apartamento e seu assassino pode ter sido um dos homens com o qual o artista se relacionava. Só que a polícia na época, que não dispunha de equipamentos para colher impressões digitais no local, nunca encontrou pistas que pudessem levar à identidade do criminoso.
Alberto Antônio Araújo Rocha nasceu em Rio Branco e logo cedo, ainda adolescente, se apaixonou pelo teatro. Logo cedo, ao lado de pessoas como Binho Marques e Marina Silva, que se tornariam personagens icônicos da política no Acre do futuro, ele como vice-governador e depois governador Estado, e ela como senadora, ex-ministra e candidata à presidência da República, além de outros jovens do bairro da Estação Experimental, passaram a se envolver com a arte de representar. Eram tempos difíceis, a ditadura militar dando sinais de que estava ferida, mas viva com sua política de censura e perseguições a todos àqueles, principalmente artistas, que não rezassem pela cartilha dos generais que haviam assaltado o poder em 1964 e que levariam o país a 25 anos – ate 1985 – de uma ditadura que solapava as liberdades, em todos os sentidos.
Foi neste clima que Betho Rocha e seus amigos começaram um movimento que levaria à criação da Federação de Teatro Amador do Acre (Fetacre), que acaba de completar 40 anos de fundação, além de montar vários espetáculos regionais e outras peças que chegaram a ser premiadas em festivais de vários estados e que chegaram a ser, inclusive, elogiados pelos críticos dos grandes jornais do país, na época. Criativo e inquieto, Betho Rocha um certo dia escreveu o poema a seguir: “Vou andar por entre terras ainda não descobertas. Se não houver amanhã, cantarei hoje ao som do silêncio a minha última canção em vida. E pelos caminhos transcendentais, de por ai… Quero estar nu. Por que minha alma vai entrar no infinito da morte na certeza que serei eterno”. O poema está num livrinho com ilustrações feitas pelo futuro governador e seu ex-parceiro de palcos Binho Marques e cuja capa fazia menção a uma lapide de cemitério, com o título ‘Aqui jaz, de Batom Lilás”.
Parecia, portanto, uma premonição do que lhe aconteceria. Seu corpo foi encontrado seminu.
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“Era um gênio. E gênio não se discute. Só se reverencia”, disse outro discípulo de Betho Rocha, Luis Carlos “Rabicó”, ator e iluminador, que também trabalhou com o artista.
Beth Rocha começou sua pungente carreira teatral no grupo Gruta, fundado no começo de 1979.
(...)Como um amaturgo defensor da linguagem de fundo e preocupação antropológicos do movimento teatral no Acre, bem como um militante da consciência libertária. Ele defendia uma linguagem teatral que fosse preocupada com as questões da identidade do homem amazônico. Acreditava que, através do estudo de rituais e tradições indígenas, seria capaz de explorar aspectos específicos do modo de vida da população local, representando a sua identidade e tradições específicas.
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A seguir, o poema publicado na Folhinha Poética – 2012:
Vou andar por entre terras ainda não descobertas.
Se não houver amanhã, cantarei hoje ao som do silêncio as minha última canção em vida.
E pelos caminhos transcendentais, de por si...
Quero andar nu.
Porque minha alma vai entrar no infinito da morte na certeza que serei eterno.
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Página publicada em agosto de 2023
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